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Diário viajem Deserto Atacama – Pacífico

José Luiz e Márcia Lacowicz – 12/03/2010
Moto Yamaha XTZ Lander 250cc

12 – Canoinhas – Curitiba – 180 km

Marco inicial da viagem, a saída foi do Novo Posto Contestado, que foi o marco zero da viagem. As 13:00 foi abastecida a Lander e com minha esposa partimos em direção à Curitiba, para a festa do 16 anos de minha filha Melissa. Troquei reais por U$ 500 em casa de cambio da Galeria Tijucas devido ao Banco do Brasil já estar fechado e comprei na Vargas Motopeças um intercomunicador, que não funfou. Na volta a empresa foi muito prestativa e devolveu o dinheiro. Procurei nas principais motopeças de Ctiba um pinhão de 13 dentes passo 520 e nem em uma autorizada tinha. Na Hilton Motos em Canoinhas, ao fazer a revisão para a viagem com 13.500 km foi constatado desgaste no pinhão original, e não tinham o pinhão de 13 dentes. Como queria reduzir o giro do motor nas retas do Chaco Argentino, já estava tentando encontrar um pinhão de 14 dentes, mas ainda não se encontra no comércio. O prestativo mecânico Peixer da Hilton Motos conseguiu um de 15 dentes de outra moto e levou até um torneiro em Canoinhas, que cortou o miolo do original desgastado e soldou no de 15 dentes. (R$ 50,00 torno mais 50 do pinhão de 15). Na ida para Curitiba, com bauleto grande, dois alforges, meus 95 kgs mais os 50 kgs de minha esposa, e a moto não desenvolvia em 5ª marcha, forçando o motor mais do que com pinhão menor. Também troquei a vela, que tava com 5.000 km e levei a usada junto, bem como uma lampada reserva, graxa branca pra corrente, emenda de corrente e o pinhão de 15 dentes. (É a lampada original de 35 watts, pois já tinha trocado há muito por uma Motovision de 65 wats da Philips)

Divisa SC com o RS
Divisa SC com o RS

13 – Curitiba – Concórdia

Saímos às 8:00 e procuramos em outras motopeças da Rua João Negrão e finalmente encontramos o pinhão de 13 dentes em outra concessionaria. Pasmem, pediram R$ 158,00, dizendo que era “original”. Quando objetei que era da Riffel e encontra por menos de R$ 40,00 deram um desconto de 12%. Vou reclamar na Yamaha esse “assalto”, que por asar meu não tinha nessa data nas lojas de Curitiba. Fui obrigado a colocar esse salgado pinhão. Saímos de Curitiba para a viajem às 11:00, com destino a Piratuba, mas devido a chuva e começar a anoitecer pernoitamos em Concórdia no excelente Hotel Colina Verde, por módicos R$ 78,00 para casal. Percorridos 430 km.

 

14 – Concórdia – Passo Fundo

Deixando o hotel depois de um excelente café com muitos sucos naturais e salames tipo italiano, nos dirigimos a fronteira com o Rio Grande do Sul, em uma região em que eu e minha esposa não conheciamos. Próximo ao meio dia em Passo Fundo quebrou o rolamento direito da roda traseira, ainda bem que a três quilômetros da cidade. O problema que era domingo e havia uma competição de motocros em uma cidade vizinha. Resultado. Não tinha nenhum mecânico de moto na city. Tivemos que pernoitar em Passo Fundo e no outro dia de manhã fui muito bem atendido em duas motopeças próximas a rodoviária, que providenciaram os dois rolamentos por R$ 20,00 o par. Já levei mais um de reserva, eh, eh. Depois fiquei sabendo em Canoinhas pelo mecânico Marcos que a Lander do amigo Hélio, que também costuma viajar também tinha quebrado o rolamento traze iro com baixa quilometragem. 150 km – Hotelzinho próximo rodoviária 60,00

lacowicz215 – PF – São Borja – Missões – 420 km

Depois de trocados os dois rolamentos traseiros pelo mecânico …. saímos às 11:00 em direção a fronteira. Sempre tive curiosidade e tiramos um tempo para visitar as ruínas de São Miguel das Missões. É um capitulo especial da humanidade e histórico de três nações (Brasil, Argentina e Paraguai). Distante 18 km da Rodovia, valeu muito a pena conhecer. Realmente impressionante a imponência das construções e a organização das missões. A nossa história perdeu muito com a politica de destruição das missões executada pelos portugueses e espanhóis. Também passamos por um deposito particular de material militar à beira da rodovia, onde existem M41, obuseiros, blindados, caminhões e jipes militares da 2ª Guerra. (http://www.steindorffviaturas.com.br/site/) O cara curte a beça esse tipo de material. Chegamos no início da noite em São Borja e ficamos em um hotelzinho no centro, por R$ 50,00 o casal. Foi difícil encontrar janta, ficamos com um lanche.

lacowicz316 – SB – Machagai – Hotel Le Park – 640 KM

A ponte de acesso é muito bonita, com mais de um quilometro e a passagem pela aduana Argentina foi rápida, sendo as policiais muito atenciosas. Adquiri a Carta Verde por R$ 25,00 reais na própria aduana (custa mais de R$ 150,00 nos bancos Brasileiros) e dormi no ponto não trocando cambio por pesos ali mesmo, pois havia Banco do Brasil. Somente anotaram o passaporte e os documentos da moto. Partimos em direção à Corrientes pela Ruta 14 e 106 e fizemos 90 km a mais até Posadas, quando poderiamos ter pego um desvio pela ruta 120. Entrei na cidade e comprei pesos na aduana com o Paraguai, abastecemos a boa e barata nafta argentina (R$ 1,55) e almoçamos uma parrila (cara, por 75 pesos com refri para dois = R$ 37,00). Notamos que para Brasileiros o preço aumenta muito, então o ideal é procurar locais onde haja cardápio com os preços. É excelente tratamento do povo e da gendermaria (polícia) para com os Brasileiros e motoqueiros. Seguimos pela ruta 12 até Corrientes e pegamos a ruta 16 através de Resistência, que são cidade que nos surpreenderam pelo tamanho. Muito pasto e criação de gado. Retas que não acabam mais. Entramos no chaco argentino, que é uma região pobre e pouco desenvolvida. Anoitecemos e não encontravamos um hotel com colchões decentes, sendo de espuma muito macia. Na porta de uma empresa procuramos ajuda de dois argentinos, que conheciam as praias de Santa Catarina e nos ajudaram muito, reservando um excelente hotel uns 20 km a frente, com ar condicionado central, cama box, etc por cem pesos para Casal = R$ 50,00. No restaurante do hotel comemos muito bem e desmaiamos depois de uma ducha.

lacowicz417 – Machagai – San Salvador de Jujuy – Hotel Fenicia – 725 KM

Partimos cedo continuando pela ruta 16 e entramos fundo no chaco Argentino. Muito calor, mais de mil quilômetros de terreno totalmente plano e retas de 30 a 50 km de extensão. Atropelamos dois grandes pássaros que estavam na estrada devorando milhares de gafanhotos. Fomos parados nesse trecho duas vezes pela gendermaria, uma vez sendo mordidos pedindo uma coca-cola (olha que eles mereciam pelo calor), mas já tinha separado doze pesos no bolso da calça = R$ 6,00 e na segunda vez somente anotaram os passaportes, não pedindo mais nada, sendo muito corteses. Há um trecho de 400 km que não tem a nada a não ser alguns casebres (pueblos) e um posto de gasolina a cada cem quilômetros. Passamos por “Rio Muerto”, “Pampa del Inferno” e outras localidades do gênero.

Ficamos felizes aos ver os primeiros morros próximo a Salta e passamos pelos únicos trechos ruins de estrada que encontramos na viagem, mas estava sendo recuperada. Adentramos a ruta 9, excelente rodovia, passamos ao lado de Salta e seguimos até San Salvador de Jujuy, onde chegamos no meio de uma manifestação do Tupac Amaru (O PT de lá), policia, cães policiais, uma beleza, eh, eh. Os hotéis estavam lotados e conseguimos o hotel Fenicia, quatro estrelas, com a surpresa de R$ 90,00 para casal se ficássemos dois dias, com banheira de hidro e tudo o mais. Como a Márcia estava cansada, com assaduras devido à napa do banco e do calor, aproveitamos pra curtir as férias nessa cidade linda. As assaduras são facilmente evitáveis com a utilização do talco Polvilho Antiséptico Granado tradicional (frasco marron) que se encontra em qualquer farmácia. É receita da vovó e funciona bem melhor que o hipoglós. Tem motoqueiros que chegam a comprar pele de carneiro para colocar em cima do banco para não assar no deserto. O talco resolve bem melhor e mais barato, basta passar nas áreas em contato com o banco desde o início da viagem, assim como fazem com bunda de neném, eh, eh.

lacowicz518 – San Salvador de Jujuy

A minha esposa é uma excelente costureira e buscamos roupa segunda pele para frio em Curitiba, custando até R$ 300,00 uma camiseta e … Ela comprou o tecido e fez segunda e terceira pele para nos dois com apenas cem reais de tecidos, mas em Jujuy o preço dessas roupas era ainda mais barato. Roupas para frio de excelente qualidade e uma fração do custo do Brasil.

Para facilitar ainda mais a vida dos motoviajantes, o povo argentino no norte tem o costume da “siesta”, ou seja, trabalham das 07:30 às 12:00 e a tarde das 17:00 às 22:00, devido ao calor. Assim para quem viaja as lojas estão todas abertas a noite para a compras. As mulheres é que gostam, eh, eh.

Na verdade deveria ter levado somente a roupa do corpo e iniciado a viajem a partir de Foz do Iguaçu, onde um traje de cordura de ótima qualidade estava R$ 375,00 a jaquela e a calça com todas as proteções necessárias. Comprei bota de motoqueiro por R$ 90,00.

lacowicz619 – Jujuy – San Pedro Atacama – 486 km

Partimos na manhã do segundo dia e na ansiedade esqueci de fixar o bauleto, que se não fosse pelo esforço da minha esposa teria caído e quebrado pelo peso. Pegamos a ruta 92 em direção a Purmamarca, abastecendo novamente em Volcan, a apenas 60 km, pois o próximo posto estava somente a 180 km, em Susques, no alto dos Andes.

É a partir de Jujuy que surge a parte sensacional da viagem, que inclusive é patrimônio natural da humanidade. As curvas iniciam no acesso a Volcan, os rios praticamente secos dos andes e as pedras coloridas de Purmamarca.

A partir daí chegamos a Quebrada de Humahuaca, com sua fantástica subida (caracoles) e visão dos andes. La em cima inicia o frio e reduz a quantidade de O2. Pareceu-me estranho encontrar algumas mulheres em um pequeno abrigo de pedra ao lado da estrada vendendo artesanato. Só muito depois me toquei que o principal produto é a “folha de coca”.

Chegamos rapidamente ao primeiro salar, entramos nele de moto, com bastante medo da Márcia. Também tem estatuas e casa de sal. É muito branco. Perde-se de vista sua extensão, com muitos caminhões tirando sal.

Em Susques a 220 km de Jujuy tem dois postos (na verdade duas bombas de gasolina) e dois bons hotéis. A cidade é um verdadeiro “cisco”. Quem for lá vai entender. Um bom restaurante. Evite comidas fortes. Beba bastante liquido. Não tome leite ou derivados antes de subir e em altitude. Provoca vômitos. Pode usar cafeina a vontade ou enérgicos.

Mais cem quilômetros de lindas paisagens semi-deserticas e vem a aduana Argentina. Muitas pessoas na fila que estavam em dois ônibus de linha. Eu percebi uma aceleração do batimento cardíaco e da respiração. A Márcia foi tomar oxigênio na enfermaria ali mantida pelo Governo Argentino e depois foi conduzida por um policial até o vendedor de folha de coca. Com medo ela comprou uma coca-cola, eh, eh. Como o policial insistiu para que ela pudesse respirar melhor, eu “seguindo a orientação da autoridade”, adquiri a “folha”. Tem um gosto bem amargo, mas funciona. Tinha uma leve tontura, que logo passou.

O tramite na aduana é complicado, mas foi rápido e o pessoal bastante atencioso.

lacowicz7Continuamos subindo agora na parte chilena dos Andes, até chegar a altitude de 4.250 metros de altitude. Alguns quilômetros depois da aduana tem um local para tirar fotos, com excelente vista, com água salgada, algumas algas e lhamas. Quem for de barraca deve ser um excelente lugar para acampar.

Agora inicia o deserto. Nem uma planta viva, até o pacifico.

Encontramos nesse trecho um casal de bicicleta. Sem nenhum veículo de apoio. Cada um tinha dois grandes alforges na sua bike. Pernoitavam no frio do deserto, levando barraca, colchonete, água e comida. Quem me diz agora que não dá para viajar de barraca e com moto de baixa cilindrada nos Andes?

Próximo a San Pedro de Atacama inicia a descida, com cerca de 50 km de declive. A Aduana chilena é burocrática, mas o atendimento é bastante eficiente.

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Declarem tudo o que estão levando. Se algum produto não possa entrar eles vão reter. Mas se não informar e eles pegarem o produto na revista, você não entra no Chile.

San Pedro é uma cidade turística. Casas de barro com excelente qualidade de serviço. Nesse pequeno vilarejo no meio do deserto, onde não chove há cinco anos você encontra pessoas do mundo todo. É um lugar caro. Pagamos 65 reais num quarto com banheiro coletivo. Faltava hospedagem. Tem de tudo, até várias casas de cambio. É inacreditável o que você encontra lá, apesar da aparência de ser uma pequena favela. Perto da praça central vendem frango assado e refrigerantes. O resto da alimentação é bastante caro. Tem hosteling Internacional e camping.

lacowicz10As atrações lá são muitas: Arqueológicas (mumias), pucarás (fortalezas de 1000 AC), Geisers (fica a 90 km de estrada de chão), salar, etc. Tem excursões dali até o maior salar do mundo na Bolívia, que fica ao lado.

lacowicz9Encontramos um casal de mochileiros de Porto Alegre, mas todos nós estávamos cansados. Tinha uma XT660 de uma cidade do norte do Parana no hotelzinho, mas não cheguei a encontrar o colega.

Dormimos mal. Colchão de espuma de baixa densidade.

20 – SPA – Antofagasta – 320 km

De manhã consegui me perder em San Pedro de Atacama. É um labirinto de pequenas ruas. Foi difícil encontrar o posto de combustível, que fica no meio da cidade dentro de um hotel. Pode!

Depois partimos para conhecer a região e depois seguimos para Calama, passando pelo Vale da Lua.

Almoçamos no shopping em Calama, que é um oasis no meio do deserto. Dentro do mercado existe um restaurante e no mercado inclusive assados de pollo (frango) e pernil de cerdo (suino) cozido. As frutas são lindas e muiiito baratas. Os sucos naturais em embalagens longas vida deliciosos e muito baratos.

Fascinante o interesse que os chilenos tem por caminhonetes de luxo. Em um posto uma família pediu para a filha tirar fotos conosco, porque no futuro quer ser mototurista, vejam só!

Nos 220 Km até Antofagasta é só deserto, calor, minerações e vento, principalmente a tarde.

Impressionante como o deserto segue até o oceano pacífico.

A cidade portuária é verdadeiramente linda e muito limpa. Ficamos em um hotel de frente para o mar, a 78 dólares para casal, com banheira. Lindo. Queria trocar de óleo na valente Lander, mas a concessionaria yamaha tinha falido. Somente no outro dia notamos que somente vimos 5 motos na cidade, e delas três no estacionamento do shopping.

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A XTZ 250 Lander é verdadeiramente uma excelente motocicleta. Funcionou muito bem mesmo a mais de 4000 mts de altitude, muito 


O banho de mar quase virou o único acidente da viajem até aqui. Iria mergulhar em cima de uma enorme água viva, e havia mais meia duzia delas por ali. Água muito fria, brrr.confortável, macia e com um motor notável. Eu peso 95 kgs, minha esposa mais 50 e tínhamos um bauleto grande e dois alforges lotados. Fez uma media de 28 km por litro, sendo que em nenhum momento menos de 25 km/l. Mesmo sendo de baixa cilindrada chamou a atenção por onde passamos.

Vimos muitas barracas de chilenos acampados na praia, no centro da cidade.

21 – Antofagasta – Calama – 360 km hotel próximo aeroporto

lacowicz12No outro dia de manhã aproveitamos o hotel e o Pacífico e passeamos por toda a grande e bonita orla marítima de Antofagasta. Comprei mais umas camisetas para calor muito baratas, almoçamos e fomos até a famosa “mano del desierto”, que fica a 70 km da cidade. Tiramos uma porção de fotos e depois de 3600 km iniciamos nosso retorno, voltando à Calama, onde pernoitamos.

O calor no deserto nesse trecho ida e volta entre SPA/Calama e Antofagasta foi escaldante. Mesmo com protetor solar da Niasi fator 30 descascou duas vezes o nariz. Ficou bem feio.

Ficamos em um pequeno hotel próximo a entrada do aeroporto, por cerca de R$ 60,00.

Procurei nos seis postos de combustível da cidade e só tinha óleo para moto dois tempos. A cidade praticamente também não tem motocicletas. Somente consegui trocar o “aceite para moto” em Jujuy, mas ainda bem antes dos 5000 km recomendados.

22 – Calama – Purmamarca – 500 km

Levantamos bem cedo (as 7:00 da manhã ainda é noite) e partimos para San Pedro de Atacama. Encontramos lá um casal de Curitiba, bem idosos, num Uno Mille meia vida, procurando um local arqueológico. Muito simpáticos.

Abastecemos, mascamos folha de coca e subimos para 4.250 de altitude. Conheci um colega no encontro de motociclistas que ocorre toda sexta-feira no centro cívico em Curitiba que tinha viajado ao Chile com uma Shadow carburada, e ao saber que pretendia ir de Lander mostrou preocupação, já que sua moto 600cc chegou a “perder marchas” (quem anda de moto em altitude sabe o que significa), chegando a 1ª marcha nesse aclive de 50 km. A valente XTZ250 subiu em 3ª marcha.

Foi lindo o deserto na volta. Pudemos curtir muito mais do que na ida. Principalmente o Paso de Jama.

Depois da aduana Argentina pegamos ventos favoráveis e a moto fez 40 km/l.

23 – Purmamarca – Joaquin V Gonzalez – 320 km

lacowicz13Depois da experiência de subir e agora descer a Quebrada Humahuaca, anoitecemos perto de Purmamarca e negociamos um excelente hotel a beira da estrada, que ficou de R$ 175 por R$ 125,00 para casal. Foi o melhor hotel que já fiquei até hoje, contando ainda com um visual maravilhoso.

Um dos agasalhos que minha esposa fez no Brasil eu usei nessa noite, para não voltar sem ser usado. Ao jantar em um restaurante de estrutura simples novamente ficamos surpreendidos com a qualidade do atendimento e da refeição. Tivemos um grupo tipico andino, com seus instrumentos e sua voz fazendo um verdadeiro show para os frequentadores, que pasmem, eram três casais de Santa Catarina, três da Argentina e um da holanda. Trocamos e-mail.

Depois um um confortável sono, atravessamos o rio que corre atrás do hotel, que parecia ter 200 metros de largura, e que na verdade tinha mais de 600 metros. Perde-se a noção de distância devido a altitude da cordilheira. Os cactos que parecem ter um metro chegam a 5 metros de altura.

Passeamos por estrada no interior da cidade e a Márcia comprou algumas blusas de lã bolivianas por R$ 20,00 cada para usar no Brasil. Com certeza somente deveríamos ter levado somente a roupa do corpo. Saindo ao meio dia de Purmamarca, pegamos nuvens na descida de Vulcon. Não era chuva, mas nuvens que o vento empurrava contra os Andes. Molhava e não chovia. Experiência fantástica atravessar nuvens de Lander. Almoçamos grandes pedaços de carne com papas (batata) no restaurante de um posto e trocamos de “azeite” na moto e partimos em direção ao chaco Argentino.

24 – Joaquin V Gonzalez – Ituzaingó (100 km depois de Corrientes) – 720 km 50,00

Essa é a ultima cidade com hotéis antes do trecho mais pobre do chaco argentino, onde em uma distância de mais de 400 km somente se encontra 4 postos de combustível, e que ainda somente tem gasolina mais cara, a super, e algumas vezes com o preço da Fangio. Notei que a Lander foi mais econômica com a nafta comum, de 85 octanas, (em media R$ 1,55) parecida com a Brasileira. As vezes que abasteci com a Super (95 octanas = R$ 1,80) não notei melhoria de desempenho e parece que aumentou o consumo. A gasolina Fangio, (100 octanas = R$ 2,10) que é melhor ainda, nem me atrevi a colocar.

Ficamos em um bom hotel por R$ 50,00 (ar condicionado) e comemos frutas e sucos que compramos em um mercado. Tanto na Argentina como no Chile usamos cartão de crédito Visa na maioria dos lugares.

Vários postos de combustíveis na Argentina tem ao seu lado locais para descanso, contando muitas vezes com churrasqueiras. Como esses postos possuem vendas de conveniências, fica muito prático conseguir lugar para pernoitar de barraca. Isso também é facilitado porque grande parte dos atendentes dos postos de combustíveis na Argentina são motoqueiros, geralmente proprietários de uma motocicleta dois tempos. Tem tantas dessas motos por lá que os postos tem até uma bomba de gasolina já misturada com óleo. Os motoviajantes são muito bem vindos por lá, mas os Argentinos são um povo bastante ordeiro, sendo assim necessário que seja mantido o respeito que os motoqueiros brasileiros dão aos irmãos argentinos.

Fizemos o maior trecho de viajem em um único dia, 720 km.

25 – Ituzaingó – FU – 420 km

Pernoitamos em um local de pescadores na área rural de Ituzaingó, dirigido pela proprietária, uma simpática idosa. Muito bonito e barato. Passamos por Posadas e nos dirigimos a Foz do Iguaçu, encontrando vários motoviajantes em direção ao Atacama. Registramos nossa alegria de estar no Brasil novamente, ficando duas noites em Foz do Iguaçu. No (www.paudimarcampestre.com.br) que acho um dos melhores hostéis do Brasil.

Aumentou muito a quantidade de motos em Ciudad Del Leste. Lá se compra uma cópia chinesa da CG150 por R$ 1.900,00 e da Bros 150 por pouco mais de 2.000,00. O motor completo de uma moto 250 CC em V, refrigerado a água (motor, caixa, carburador radiador) a venda por 700 dólares. Uma moto trail 400 CC refrigerada a água por dois mil e trezentos dólares. Tem muitas motopeças, mas a maioria voltadas para as motos de até 150 cc.

26 – FU – O mesmo capacete (mesma marca e modelo) que adquiri em Canoinhas, com proteção de pescoço anexa para chuva e frio por R$ 270,00 custava R$ 60,00 em Ciudad del Leste. Encontra-se outros de boa qualidade bem mais baratos.

27 – FU – Canoinhas – 650 km

No ultimo trecho do retorno para casa, encontramos um motoviajante de Itajuba, que comprou agora sua Suzuki Boulevard 800 e estava viajando até o Rio Grande do Sul. Chegamos em casa às 22:00 horas cansados, mas muito, muito mesmo felizes e realizados. Fecharam exatamente 6.756 km até o Novo Posto Contestado.

Fotos: Arquivo pessoal

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