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Do sonho à realidade: um desafio sobre duas rodas – Lisiane Plestiskaitz

IMG_5711Lisiane Flores Pletiskaitz, sempre teve o sonho de conhecer o mundo sobre duas rodas. Porém, seus planos sempre ficavam guardados na gaveta. Até que em um belo dia, o sonho antigo, aos poucos começou se tornar realidade.

“Resolvi começar a colocar o projeto em prática, iniciando pelo Brasil e, minha meta era não desistir até que conseguisse concretizá-lo. Meu objetivo era aprender a me virar sozinha, conhecer novos lugares, culturas e novos amigos. Além disso, queria obter mais experiência na estrada e provar que os sonhos foram feitos para serem realizados”, enfatizou Lisiane.

Assim aconteceu. Após conseguir apoio e patrocínio de algumas marcas, como a BMW Motorrad do Brasil, Peter Foods, Foccus Films, GlobalStar, Touratech, Tourentex, Tunachara Morelli Fotografia, a apaixonada por motos começou a viagem em uma BMW GS650, ano 2011. Para ela, não foi uma viagem qualquer, mas a maior que já fez de moto, ainda mais que percorreu tudo sozinha.

DSC02254A viagem, que a motociclista titulou de “Projeto Rotaway Brasil independência”, teve início no dia 07 de setembro de 2012, com saída de Balneário Camboriú/SC, tendo como primeira rota, Curitiba. Ao todo, foram 23937 km percorridos, passando por 25 estados brasileiros, conhecendo 150 cidades, sendo que dormiu em 54 municípios diferentes.

“Acredito que foram 85 dias de curtições, emoções, alegrias, desafios, muito conhecimento e uma experiência excelente, que me proporcionou não só a oportunidade de conhecer lugares fantásticos, mas o contato com diversas culturas. Em toda a viagem, gastei 948 litros de gasolina, realizei a troca de um par de pneus, substituição da relação, uma troca de freio, uma vela e troquei quatro vezes o óleo”, contou a aventureira.

No segundo dia de viagem, Lisiane, passou por cidades como: Piedade, Salto e Indaiatuba, Campinas e São Paulo. Mesmo enfrentando algumas dificuldades, pois estava sem a ajuda do GPS, tudo estava ocorrendo como planejado.

A aventura estava só começando, então, a meta inicial do dia seguinte era chegar à cidade de Rio de Janeiro. Após chegar ao destino, a motociclista seguiu pela ponte Rio-Niterói. A partir daí começou a aumentar os obstáculos. Ao errar uma entrada, acabou parando numa pequena favela. Mas, segunda a mesma, nada de pânico. Para sair de lá, teve que buscar informações com quatro pessoas.

Rio de JaneiroContinuando sua viagem, subiu a serra até Petrópolis. Pela BR, enfrentou trechos com bastantes buracos. Além disso, a neblina que encobria as construções da época do império dava um ar de mistério ao caminho. Portanto, nada a fazia desistir deste sonho. Assim seguiu até Minas Gerais.

Os dias iam passando e outras cidades e lugares eram percorridos. Passou por Belo Horizonte, Espírito Santo, Bahia, Salvador, Macéio, Alagoas, Olinda, João Pessoa, Natal, Ceará, Piauí, Teresina, São Luís, Tocantins, Goiânia, Cuiabá, Campo Grande e Cascavel.

Em todos esses percursos, novos desafios e obstáculos apareçam. “Após irresponsabilidade de um motorista, que entrou na transversal sem dar nenhum sinal, acabei caindo. Porém, como estava com a roupa adequada, não me machuquei”, descreveu Lisiane, frisando que a emoções continuaram, passando por locais com rampa de pedra, areia fofa e, enfrentando as mudanças climáticas, como sol forte e momentos com chuva, raios e trovões.

Antes de chegar à Porto Velho, o plano da motociclista era abastecer mais duas vezes. Porém, como seu dia recém estava começando, ainda havia tempo para acontecer outros imprevistos.

Seguindo viagem, o primeiro posto que ela encontrou estava fechado. De acordo com a mesma, por enquanto, nada de pânico, pois ainda havia gasolina suficiente para chegar ao próximo. O sentimento de medo aflorou, quando o segundo posto estava sem luz.

“Aí sim, tive que dar risada e me preparar para o pior. Logo a gasolina acabou. Como tudo tem um lado bom, minha sorte foi que não haviam subidas e descidas por lá, era tudo plano, isso ajudou muito nos quase dois km que tive que empurrar a moto, sob aquele sol escaldante e, morrendo de medo que aparecesse algum bicho. Foi então que cheguei a uma vila. Não pensei duas vezes e sai pedindo por gasolina nas casas. As pessoas ficaram bastante desconfiadas, mas, enfim, consegui. Comprei dois litros de gasolina, por R$ 5,00, até chegar ao posto. Este foi o valor mais caro que paguei em toda minha vida, porém, eu não estava em condições de negociar muito”, descreveu a motociclista.

Passando a balsa, Lisiane seguiu a rota pela BR-070, no qual, mesmo a estrada sendo boa, a visibilidade para trafegar estava ruim, já que a chuva não parava de cair. A situação piorou quando, simplesmente, a luz do farol da moto apagou.

“Sem pânico! Acendi a luz alta e torci para que não atrapalhasse muito quem trafegava na outra pista. Alguns quilômetros depois, a luz alta piscou forte e apagou. Então, comecei ficar com medo. Para piorar a lanterna traseira já não funcionava mais, também. Sem conseguir fazer nada, continuei o percurso com medo dos carros e caminhões que não me viam. Quando um carro chegava perto, eu acionava o pisca alerta. Para mim, foram cerca de 150 km de pavor, pois nunca imaginei passar por uma situação desta”, enfatizou.

Após o conserto, a apaixonada por motos seguiu o percurso. Em um posto, já a 100 km de Campo Grande, ela fez amizade com uns chilenos, que a convidaram para acompanhá-los até Foz do Iguaçu. Como não tinha nada a perder, Lisiane topou.

DSC02584Chegando ao município paranaense, a motociclista já planejou o roteiro para o dia seguinte.  A meta era chegar a Cunha Porã, que fica no Oeste de Santa Catarina. De lá, seguiu por São Miguel das Missões, até chegar ao estado gaúcho.

Depois de muitos dias sobre duas rodas, a aventura desta sonhadora estava chegando ao fim. Com saudades de casa, após horas e horas viajando, Lisiane continuou seu percurso até Araranguá. Lá conheceu morros, dunas e praias. Após alguns dias, seguiu para sua amada terra, Balneário Camboriú.

“A cada dia de trajeto, enfrentei dificuldades como insegurança, falta de experiência, falta de dinheiro, entre outros problemas. Foram muitos os obstáculos, mas valeu a pena cada quilômetro percorrido. No caminho encontrei curiosos, novos conhecidos e, principalmente, amigos. Pessoas que me acolheram em suas casas, me deram dicas, me levaram para conhecer suas cidades. Para mim foi um grande aprendizado. Hoje, costumo dizer que o motociclismo me trouxe paz, experiência e amizades”, comentou a motociclista, enfatizando que novos projetos já estão saindo do papel.

Segundo ela, nesta viagem, deu para ter uma ideia da diversidade e hospitalidade de nosso país. Agora, sua próxima meta é conhecer o mundo.

Fotos: Tunachara/Arquivo Pessoal

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